Citação em língua estrangeira: traduzi-la ou não?
A dúvida de vários clientes que venho solucionar com o artigo de hoje é a seguinte: ao fazer uma citação em língua estrangeira, é necessário traduzi-la para a língua em que o texto está sendo escrito ou devemos mantê-la na língua original? Por exemplo: se queremos usar uma citação em inglês em um artigo que está sendo escrito em português, essa citação deve ser feita em inglês ou português?
Primeiramente, é válido pensar no leitor de nosso texto: ele tem obrigação de dominar aquela língua estrangeira? Eu respondo: não, ele não tem. No entanto, caso você ache que, sim, é obrigação de tal público conhecer tal língua, cabe lembrar que outras pessoas podem ler seu artigo além daquele público-alvo; e se essas pessoas não dominam tal língua, reside aí um fator que pode complicar o alcance do maior propósito de um texto, que é dialogar com seu leitor. Generosidade com quem lê é uma das características essenciais da escrita. Então, a primeira resposta é sim, devemos traduzir citações em língua estrangeira. A seguir, mostro como proceder.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) não se posiciona quanto a isso, mas na NBR 10520 determina que, ao traduzir uma citação, seja utilizada a expressão “tradução nossa” entre parênteses após o trecho copiado. Além disso, é uma boa prática adicionar o texto original em uma nota de rodapé para que o leitor possa apreciar o texto na língua em que foi escrito e, também, certificar-se de que a tradução foi feita corretamente. Dou um exemplo a seguir:
No corpo do texto: Analisemos o trecho a seguir: “O som do Big Ben inundou a sala de Clarissa, onde estava sentada, muito aborrecida, à sua escrivaninha; preocupada; aborrecida” (WOOLF, 1996, p. 129, tradução nossa).[1]
Na nota de rodapé: [1] “The sound of Big Ben flooded Clarissa’s drawing-room, where she sat, ever so annoyed, at her writing table; worried; annoyed.”
Também é possível usar a ordem inversa: citar em inglês no corpo do texto e colocar a tradução na nota de rodapé. Nesse caso, a decisão fica a cargo do autor e de acordo com o que for mais adequado ao propósito do texto, mas sempre lembrando que a forma a ser seguida deve levar em conta a fluidez da leitura e a generosidade com o leitor.